quarta-feira, janeiro 30, 2008

Citação da Semana

"vivemos numa democracia autoritária mediática"
José Gil, 2008

terça-feira, janeiro 29, 2008

Refreshing

Hoje já jantaram? Já lavaram os dentes, não?

Já se aperceberam que há uma mudança de pastas da saúde e da cultura?
Lembra-me o jogo da passagem de testemunho. Não me interessa nada se não é de primeira linha e é de segunda, desde que haja o fazer acontecer, sem arrogância...

domingo, janeiro 27, 2008

A eterna procura...

Dia de ontem, numa sala, diferentes pessoas de diferentes idades, médicos e enfermeiros de profissão. Falava-se de muitas coisas: de expectativas sexuais, de clima hormonal numa relação sexual, de intimidade, de desejo sexual, de excitação, de plateau, de orgasmos e da intensidade de prazeres orgásticos, de resolução, da resposta sexual masculina versus resposta sexual feminina.
O ponto G acaba por vir também à baila.


Uma voz entrecorta outras e faz-se escutar cheia de interesse:
E o Homem G?!
Inevitabilidade acessibilidade de companheiro...
A contra-resposta:
"Discrédula! Vai procurando...!"

quarta-feira, janeiro 23, 2008

Escrever

Hoje o João, de saída de vela, comentava que os meus posts no blog surgiam em catadupa :)
Não sei bem porquê.
Sei que não comecei a "escrever" por arrogância de achar que tinha algo que poderia interessar aos outros, mas sim para meu próprio proveito, quase como uma forma de me distanciar, de ter um controlo sobre aquilo que me ia acontecendo como anotamento de algumas experiências, talvez porque isso me ajudasse a vê-las com uma certa objectividade e a testemunhá-la...



Trecho de "A Pasta do meu pai", de Orhan Pamuk

«O escritor é alguém que passa os anos, pacientemente, a tentar descobrir um segundo ser dentro dele, e o mundo que o faz ser como é. Quando falo de escrever, a primeira imagem que me vem à cabeça não é um romance, poema, ou tradição literária; é a da pessoa que se fecha num quarto, senta-se numa mesa e, sozinha, vira-se para dentro. Entre as suas sombras constrói um mundo novo com palavras. Este homem - ou mulher - pode usar uma máquina de escrever, ou beneficiar da utilização do computador, ou escrever com caneta e papel, como eu. Enquanto escreve, pode beber chá ou café, ou fumar cigarros. De vez em quando, pode levantar-se da mesa para ver pela janela as crianças a brincar na rua ou, se tiver essa sorte, pode ver árvores e uma paisagem, ou mesmo uma parede cega. Pode escrever poemas, ou peças de teatro, ou romances, como eu. Mas todas essas diferenças aparecem só depois de completada a tarefa crucial - depois de se sentar à mesa e pacientemente virar-se para dentro. Escrever é transformar aquele olhar interior em palavras, estudar o mundo para onde passamos quando nos recolhemos dentro de nós, e é fazê-lo com paciência, obstinação e alegria.»

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Condições metereológicas

Há amigos que têm perspectivas bem humoradas das coisas e dos fenómenos da vida e nos fazem rir ao telefone como se nos tivessem a fazer cócegas!

Bússola dourada a apontar para nuvens de auto-contentamento, quando a direcção não existe ou é invisível! E depois, a bússola fica assim desafinada…

sábado, janeiro 19, 2008

O.T.

A Prof.ª Noélia, na televisão, a apoiar o Ricardo, em Alenquer!
A minha mãe votou no Ricardo, duas vezes, uma vez do telemóvel e outra do telefone fixo!
Cá por casa, a Natércia votou no Ricardo!
Eu votei no Ricardo!

E se...

E se a lembrança desaparecer por entre escavações de um chão movediço? E se amanhã for longínquo? E se num caminho demorado, o sopro de uma brisa deixar de o ser? E se o inesperado? E se a autenticidade se faz de fugaz? E se o enternecimento deslizar? E se sob uma luz filtrada, os gestos ficando suspensos não se tocarem? E se, ínvio o encontro com o desmedidamente significativo? E se nos meandros dos dias o périplo das circunstâncias for outro? E se de repente a iminência da amplidão feita olhar se desvanecer?

E se, enfim…

sexta-feira, janeiro 18, 2008

ONCE: Falling Slowly

Cicio da vida

Os fragmentos acontecem na vida. Sumptuosamente, a vida a desalinhar-me com pintadelas de fragmentos rítmicos, especiais, construtivos, singulares. Momentos, pessoas, lugares contáveis em fragmentos. Profunda e criadora de efeitos a presença deles em nós. Fragmentos vividos como sopro de mancha poética. Mélicos. Torna-se preciso ter sorte para os viver, mas a sorte também não se senta ao nosso colo. Fragmentos a serem identidade, refúgio, consolo. Cicio da vida a cingir-se a momentos do momento que está a acontecer. Impulsos. Liberdade. Habitar o momento...

quarta-feira, janeiro 16, 2008

Com "sapatos voadores"...

Numa noite de combinações instantâneas com a vontade de cachimbar, indecisos, faço saltar uma alternativa entre a esquerda e a direita para uma mudança de rota, prateada.
Ontem, enquanto estava tão absorta, a Natércia a chamar-me à atenção para reparar na pessoa que nos entrava em casa pelo écran da televisão: Nuno Nabais! Nem queria acreditar que era mesmo ele. Profunda admiração desde aquele dia. Agora, ainda mais.
Sabia pouco da localização daquele espaço-refúgio, mas como quem vai ás apalpadelas experimentámos a errância dos caminhos. Perdemo-nos. Voltámo-nos a perder. E mais uma vez. E ainda, outra, até finalmente sermos surpreendidos pelo destino certo. Na minha ingenuidade, o portão abria-se automaticamente. Na realidade, o vento a abri-lo à nossa passagem. Entrámos somente num pequeno hall. João Bravo, Hugo, Helder e eu com "sapatos voadores". Agora, aqui: Chapitô. Depois, quem sabe? À partida, misterioso até para nós próprios. Bora bora, pousar num copo de chá Tuareg - "fotografia" recordativa!

terça-feira, janeiro 15, 2008

Cósmico

Hoje preciso de me deitar neste luar, espectro de luz no baloiçar da vida, e aninhar-me num sono tranquilo e profundo para esbater arrumada e metodicamente a carga frenética dos dias, que têm sido...

segunda-feira, janeiro 14, 2008

Fragmentação

Palavra a palavra pronunciada em sucessão, a ser escutada e a desmoronar-me em incauta vulnerabilidade.
Constringente e desarmante?!

Acontecimentos inusitados, dentro de um dia

À distância de um clique lembrei-me de ti e fiquei a saber-te comprometido, outro lado da estória. No instante a seguir a este, surpreendentemente, tu ao telefone. Nonsense, à priori! Sincronicidade coincidente esta!
À pergunta, um café, a resposta, afirmativa. E por que não?! Energias disruptas e sinérgicas a permearem (des)encontros num destino.
Fui leve.
De todo, não premeditada a antecipação à novidade.
Comparativamente, pareceste-me pesado.
Tanto o tempo passado, mas quase intocável a tua parecença, achando-me eu tão diferente. Expectei-te de outra forma, talvez com mais piadas em estilo próprio, mais sorrindente, cheio da tua gargalhada a preencher um mundo interior a deixar transbordar paixão (e maior), que me seria familiar(mente) desconhecida.
Encontrei em mim uma maneira de sentir. Encontrei em ti, outra margem, mais apocalíptica.

sábado, janeiro 12, 2008

Burnaut

Trinta e duas (32) horas seguidas no hospital: a trabalhar, a ter de comer por lá (almoço, lanche, jantar, tomar o pequeno almoço, voltar a almoçar), a estar confinada ás relações estreitas, a dormir por lá... Sinto-me assim, como diria o Nogueira: espinafrada!

sexta-feira, janeiro 11, 2008

Chuva!

Enquanto a ouço tenho tempo para fotografar e pensar que


gosto de adormecer à noite e de madrugada com o "tilintar" da chuva nas janelas, com o som do sopro do vento e, ao acordar ver as gotas de água no lado de fora dos vidros!

Carpir

As palavras duras, pela realidade que encerram. As lágrimas nos olhos, que não caiem. A vida e a sua inexorabilidade, proximidade de um fim.
O caminho a ser mais ou menos solitário. Não havia sons, talvez pela falta de gente.
O sol está atrás das nuvens com as copas das árvores em primeiro plano. A luminosidade da completude é entrecortada pelo cinzento, sombra.
Ando e revejo, todas as imagens. Ando e penso, em tudo. Ando e questiono, o impronunciável. Tento imaginar e continuo a andar. Os passos, esses, cansados da ironia do que nos acontece.

Devagar: a respiga - esperança de um amanhã, que o peso pesado dos dias assusta-me…

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Há dias assim...


... em que nos sabe mesmo bem jantares-cartase, jantares espanta medos, dúvidas e pesadez, jantares que nos ajudam a digerir uma enorme dose de frustração e de impotência...

terça-feira, janeiro 08, 2008

Ser tão maior...



Há amigos, que em conversas noctívagas nos contam histórias, como pais contam a filhos pequeninos antes de adomecerem:
«- De quem são aquelas outras pegadas?? Num determinado momento o caminho é feito a dois... chega o dia em que deixamos de caminhar sozinhos...o caminho está desenhado, as pegadas estão lá.
Tenho a certeza que vais ter alguém por perto que te vai dizer: quero capturar o momento em que voltaste a sorrir-me (devagarinho...) e eu esperei, por mais um segundo, o regresso daqueles que nunca foram. Vais ser sempre a minha eterna fotografia a preto e branco.»

São estes amigos que por nos conhecerem tão bem, nos surpreendem ao contarem-nos a nossa volubilidade, o que é o que absorvemos dos outros, do que está à nossa volta e nos dizem para apanhar boleia de um cometa...

Será que o "planeta B 612", ás vezes, pode ser tão maior nos dias pouco importantes, que são ao fim ao cabo aqueles que também nos constroem, aqueles que, depois, fazem os momentos especiais sê-lo?

segunda-feira, janeiro 07, 2008

Curso de Escrita

Uma vez, o João ofereceu-me um livro de escrita criativa, que eu gostei muito e fiquei ainda com mais vontade na altura, do que aquela que já tinha, de participar num curso de escrita criativa, quando tivesse disponibilidade para tal. Já tinha visto alguns sítios e preços...

No outro dia, a Natércia ao chegar a casa disse que tinha uma coisa para me dar. E com ela trazia uma ficha de inscrição para um Curso de Escrita, com a participação de diversos editores e autores. Inscrevi-me no próprio dia.

Comentei com a Maria que gostava de entrar neste curso, teria pena se não acontecesse. Ela com a sua paciência (de psicóloga) deu-me toda a força e a crença de que, com certeza, iria ser seleccionada.

Hoje, um telefonema a informarem-me, que sim... da vaga para mim para frequentar este curso. Fiquei contente :) Apetece-me mesmo!

O mais díficil vai ser conciliar horários de trabalho com o novo curso com tudo aquilo que tenho de estudar para a frequência da pós graduação no final do mês. Vai ser díficil, mas quero acreditar que não é impossível...

Apetece-me estudar e aprender coisas novas!


«Agora juntas ao teu peso
tudo o que é leve.
Agora desmascaras
o sempre nomeado
Mas sem nome
Agora mandas os martelos-
Mecânicos, os fura-sílabas,
Para debaixo do esporão
Daquilo que
te leva a saltar para o outro lado
da ardilosa madeira da sebe,
agora
escreves».

domingo, janeiro 06, 2008

L'Horloge du Village [Pedras de Saudade]

De Philippe Costantini
Documentário, França, 1989

Flash back
«O francês Philippe Costantini filmou Vilar de Perdizes (Trás-os-Montes) pele primeira vez em 1977 (Terra de Abril)». País em efervescência política e cultural. Este filme cruza um mistério - as primeiras eleições legislativas de Portugal. «Passados uns anos filmou famílias emigradas nos EUA.
Fascinou-o isolamento da aldeia e o seu modo de vida ancestral, numa época em que Portugal enfrentava profundas mudanças».

«Doze anos depois, em 1989, regressa para constatar que muitos habitantes emigraram.»
Preparou as Pedras de Saudade antes e em conjunto. Daí o resultado "milagroso": as pessoas, protagonistas desta história, estarem tão à vontade, tendo a população já bastantes relações com Costantini.

«Os que ficaram dedicam-se à agricultura». Ceifar, lavrar uma terra de macieiras. "O dono da casa está longe, dá um bocadinho de trabalho mas pagam-me bem».

«Ou então à construção das casas desses emigrantes que alteraram progressivamente a paisagem».

Paulo Filipe Monteiro


«Em busca de novos horizontes de esperança, os Portugueses trocaram o seu país por outras regiões, por outras oportunidades, por outras vidas...
Imaginaram o seu regresso, quando fosse atingido o propósito de melhorar a vida; de ganhar dinheiro; de amealhar poupança; de ter mais liberdade. Alguns conseguiram-no, outros não.
Quando partem muitos emigrantes têm um projecto de regresso. Em conjunto com outros factores, este projecto - que muitas vezes é sucessivamente adiado - alimenta e fortalece os laços com a terra de origem. Mas embora organizado pela ideia de retorno, o processo migratório nem sempre desemboca no regresso definitivo.
As Pátrias reconstruídas, a união entre os seus, a recombinação das pertenças, a tradição re-inventada, e a possibilidade, real ou imaginada de um regresso. E também, o regressar aos poucos, o regressar ritual, a reactualização dos laços, a festa e a celebração.
Encontra-se a casa que se constrói no sítio de onde se partiu e os objectos do quotidiano que trazem histórias, memórias de outras terras.
Uns, muito poucos, regressarão, ainda; outros serão sempre não-regressantes. Para a maior parte não haverá regresso, porque nunca houve partida, são filhos e netos de portugueses, diluídos na paisagem».


Vai no teu querer
Um só desejo de verdade:
Viver em Portugal


Cá tornarão, cá há-de vir ter. Ganham: ganhá-lo fora e depois cá aproveitá-lo. Não ha outra razão.

Eles chegam e trazem toda a sua cultura.

As casas são casas de luxo. A construção das casas é a imagem que eles trazem na cabeça.
A casa está very good. A piscina, vasos a enfeitarem a parte da piscina, o aquecimento, os rebordos feitos de madeira e de mármore...
"Para que vai ser esta casa?
Esquentador? Nem chuveiro tenho...
Vieram os saneamentos para a aldeia (o saneamento é muito antigo) e agora, normalmente, toda a gente já quer quartos de banho... Olhem só a vista da minha casa de banho! Então? Há 12 anos não tinha esta vista! Pois não. Agora é que arranjei este palácio, parece o Palácio da Rainha!

Eu podia fazer a casa nos EUA mas lá as contribuições são altas.

Resolvi fazer a casa cá, mas não devia. Tem uma cozinha tradicional para se pendurarem os chouriços e os presuntos e uma cozinha moderna, simbólica da modernidade.

A nossa aldeia, os nossos rios, os nossos vales, as nossas casas velhas, as nosssas casas novas...
os caminhos intrasitáveis.

Tratava-me mal. Tive um grande desgosto com a morte dele. Custou-me muito. Se fosse de doença, mas assim de repente.
Cá fiquei mas estou mais sossegada, mais tranquila.
A minha vida é uma vida triste. Vivo sozinha. Os filhos estão para França. Eles querem-me lá, mas eu não gosto. Não gosto da França, cá é mais quente. Eu também não sei a vida deles. Gosto é de estar na minha casa. Ás vezes, a gente não sabe como viver. Quero é a companhia de Deus: paz, esperança e amor.

Nas férias que passamos aqui estamos nas nossas casas, bebemos umas cervejas, andamos em casa de um, em casa de outro. Joga-se à malha.

Agosto. A vida daqui é muito alegre, mas só neste mês.

Não é como uma cidade em que nos desconhecemos todos. Aqui vive tudo em família, são 500 fogos, 1000 pessoas. Em Agosto, 2500 e conhece-se toda a gente. Lá vivo no 1º andar e não sei quem vive no 5º.

A vida é um desafio permanente. É um desafio lá e agora venho para aqui desafiar-me."


Há poucos filmes que ilustrem tão bem a divisão em que está o emigrante.
Emigração: corte, desenraizamento, tristeza, jogar xadrez em dois tabuleiros - duplicidade. Não sentir ser nem português, nem francês, ou americano... sentir-se marciano. Aliás, luso (qualquer coisa).
A saudade de querer morar em Portugal. As raízes que criam nos outros países.
O curso da vida. Gostar muito da aldeia, mas não para lá viver.
Não saber como viver (lá é díficil viver, cá é díficil viver; é uma vida mais alegre lá, é uma vida mais alegre cá; é uma vida mais triste em Portugal, é uma vida mais triste lá...).
Um discurso retórico.
Construção de casas desmesuradas - anedóticas, que depois ficam abandonadas. Há quase como que uma esquizofrenia. Deparam-se com a sua vida estragada porque não se decidem onde querem viver e fazem investimentos brutais.
Situação de enorme divisão: dualidade - metade cá, metade lá. O regresso imaginado: quando se parte imagina-se sempre uma hipótese de regresso. Cristalizam a sua memória de um país, que depois evolui. É quase Francês, se viveu desde os 20 anos em França, viveu toda a sua vida de adulto em França. Ao longo do processo de reinserção num outro país há sempre uma trama de relações: casamentos mistos; filhos que crescem e que preferem falar em francês; amigos.
A aldeia a mudar com a chegada destas pessoas, emigrantes. Até a paisagem se altera!
As sociedades mudam: a nostalgia é uma corda que nos toca, mas a vida a não ser feita só de nostalgia.
Para lá do preconceito das casas dos emigrantes: a forma como as pessoas quiseram ter uma vida melhor nas suas casas. As casas das aldeias eram escuras e não tinham luz. Up date que as pessoas tiveram nas suas casas - melhores condições de habitabilidade. Por que é que as casas não hão-de ter casas de banho?!
As críticas ás casas dos emigrantes e ao que elas desfiavam. Se por um lado, nos dão vontade de rir por serem caricatas, por outro dão-nos também vontade de chorar por serem fantasmáticas e isso ser trágico. Engole-se o riso rapidamente. A importância das casas ressalta em todos os emigrantes, são casas construídas por etapas. Casas ridicularizadas por Eça de Queirós, que estão na actualidade, a ser reabilitadas e já são peças do património Português, tendo-se inclusivamente descoberto que foram construídas, algumas, por arquitectos de renome.
Ainda por outras palavras, as casas dos emigrantes são o show-off de uma construção de vitória, de forma a mostrar à família extensa das aldeias que foram capazes de ultrapassar dificuldades; são as segundas residências, enquanto alargamento de espaços de vivências e de férias.
Houve, curiosamente, muitos portugueses, não emigrantes a construírem casas estrangeiradas, copiando-as de modelos de revistas. Pura imitação!

sábado, janeiro 05, 2008

Promessas Perigosas, de Cronenberg

"Uma história que tem a ver com os bastidores da máfia russa, a operar em Londres...
De facto é surpreendente que, a partir de uma série de peripécias que podiam ser transformadas num vulgar policial, Cronenberg faça um filme, no fundo, sob uma questão vital: saber o que é que acontece para além do óbvio quando se estabelece uma relação entre um homem e uma mulher. E não falo necessariamente numa relação sexual, mas numa relação de cumplicidade e de entrega, e isso é pontuado desta vez, pela primeira vez, no seu cinema pela personagem de um bebé, que é alguém que tem um lugar central no filme, no sentido em que todos os comportamentos são, de algum modo, condicionados pela existência desse bebé.
É um filme que, além do mais, nos faz perceber que para lá das aparências do nosso mundo contemporâneo, há por vezes, camadas de violência extremamente inquietantes e que do ponto de vista de Cronenberg importa filmar frente a frente, sem simplificar. A violência em Cronenberg não é um truque, não é um efeito especial, é algo que nasce das histórias e que tem a ver com a complexidade das relações encenadas. E nesse sentido também, Cronenberg afirma no cinema contemporâneo o valor do realismo e que, por assim dizer, revaloriza um dado muito primitivo do cinema que é a capacidade de as imagens e dos tons do cinema nos fazerem sentir a matéria, e dessa matéria, o essencial começa sempre nos corpos... Cronenberg é um cineasta do corpo e da complexidade do corpo humano..."
João Lopes
Um filme acutilante, que merece ser visto!

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Um encontro a ser re[encontro]

Tantos os dias de vontade de saber de si... que o anonimato da dimensão temporal transcorrida nem merece palavras aqui... questiono-me como é possível. Um ano, quanto tempo?!
A sair de vela, o carro ali estacionado, ao acaso, num sopro de brisa inesperado um minuto não escolhido, para o Jorge me encontrar. Abrimos palavras, que foram alimento, calor, saudade, lembrança da lembrança sentida na ausência desde a última vez até este re(encontro), e descobrimo-nos ainda cheios e desocupados no resto do tempo...;)
O Jorge encontrar-me e eu tê-lo reencontrado foi como desdobrar energias que nos ligam e nos movem e, foi também e ainda, assim: como "tirar os sapatos e sentir a terra", como se "a lua e o sol" estivessem à espera deste re(encontro) e nós a irmos ao encontro daquilo que nos esperava... a amplidão de um reencontro. Deveras, contente! :)

terça-feira, janeiro 01, 2008

Uma espécie de reveillon no hospital - 2008