Reflexão de um Dia Mau
Recentemente tive o desprazer de receber uma lição de prepotência, e arrogância... porque sim! Entristeceu-me, por vários motivos: pelas inépcias, pela incapacidade em ousar colocar-se do outro lado/no lugar do outro, por as pessoas não conseguirem ouvir-se além de si próprias, pela transferência de frustrações para o comezinho do quotidiano, por não saberem tornar especial o lugar onde passam muito tempo das suas vidas, por não saberem atribuir significado ao que os outros fazem quando a realidade é um espaço de partilha de experiências humanas, de trocas significativas, de atenção para com o Outro e exige disponibilidade, cuidado, atenção, e aceitação.
O primeiro pensamento que se apoderou de mim foi: agora Portugal está mesmo em crise!
«Já ninguém leva a sério as promessas dos políticos.» escrevia no outro dia o Daniel Sampaio. E tem toda a razão.
Será que a casa dos segredos parece ser o modelo adoptado em todo o lado? Questiono-me se será aprazível ter de estar a desempenhar uma atitude, um papel, uma acção num clima de quase constante tensão, reactividade verbal, competição pelo "mediatismo" (de quem jamais será capaz de aceitar uma pequena crítica)!
É díficil defrontarmo-nos com a arrogância e prepotência sob a capa da excelência e da exigência. E entristece-me por do cardápio da lição de prepotência e arrogância constar apenas o porque sim: porque eu mando e porque eu quero. Argumentos unilaterais, feitos de superficialidade quando não é possível ser encontrado um espaço de diálogo onde se possam dar cedências nem tréguas. Nada de reflexivo, portanto. Talvez e apenas uma lição que fortalece o carácter, e quem sabe poderá ser útil noutras lides.
E o Daniel Sampaio dizia ainda: «Há uma teia sinuosa que começa a notar-se, pois invade vários sectores com um único fim: cortar, obscurecer, controlar. Essa teia amplia a voz do coordenador do grupo de trabalho (...). A teia infiltra-se no íntimo de muitos portugueses e provoca desinteresse e falta de esperança.»
Por isso direi sempre que a arrogância e a prepotência é uma cena que não me assiste! E há limites, ou pelo menos um limite que espero saber reconhecer...
Quando adormeço, estou demasiado cansada, e triste pela certeza da lição de prepotência e arrogância me ter revelado mais uma pessoa empobrecida afectivamente!