Noite sim!
Gosto particularmente deste espaço.
A terminar a noite o concerto do Grupo Roda de Choro de Lisboa no Tanque do Chapitô.
«No passado 26 de Abril de 2008 cumpriram-se 71 anos do cruel bombardeamento da cidade basca de Guernica. Foi o primeiro bombardeamento perpetrado pela aviação militar nazi no século XX, sobre uma cidade aberta.
Com a impunidade da velocidade e da distancia , os aviadores intervencionistas alemães estrearam os seus «Stuka» e «Heinkel» da aviação nazi "Luftwaffe" destruindo a pequena cidade de Guernica, habitada por civis. Foi tanta a crueldade do ataque, que já no final da operação «Condor», os pilotos - por causa do fumo - não tinham visibilidade mas, mesmo assim, deixaram cair o resto da sua carga («explosiva e incendiaria») sem ver onde caiam as bombas, apenas pelo sádico prazer de disparar.
Em 1938, um ano antes de terminar a Guerra Civil espanhola, a política de não intervenção dos aliados europeus deram «luz verde » à política de Hitler, reconhecendo o domínio de Franco sobre Espanha, sem imaginar que anos mais tarde esses mesmos aviões alemães destruiriam Londres e outras cidades europeias.
A cidade de Guernica, sem defesas antiaéreas apropriadas para se defender, ficou destruída, mas permaneceu do pé a célebre árvore que simboliza a tradição heróica e a identidade e a esperança do Pais Basco (e não só!).
Esse brutal acontecimento foi imortalizado por Picasso num quadro que muitos críticos consideram a obra pictórica mais importante do Século XX.
Por esse mesmo prestígio artístico da obra, nesse branqueamento da memória que diferentes interesses manipulam para lavar o seu passado criminal, hoje, muitas pessoas, sobretudo jovens, pensam que «Guernica» é apenas «aquele quadro famoso pintado por Pablo Picasso».
Por esse mesmo prestígio artístico da obra, nesse branqueamento da memória que diferentes interesses manipulam para lavar o seu passado criminal, hoje, muitas pessoas, sobretudo jovens, pensam que «Guernica» é apenas «aquele quadro famoso pintado por Pablo Picasso».
De Guernica a Hiroshima
O ataque brutal sobre «Guernica» foi um ensaio do que seriam os futuros e sucessivos bombardeamentos sobre cidades abertas na segunda guerra mundial: Londres, Varsóvia, Leninegrado, e outras cidades europeias aliadas, e já quase no final : Berlim e Dresden, como assim também as tristemente célebres Hiroshima e Nagasaki , conheceram na "carne" própria o horror do bombardeamentos e o inicio da era nuclear. Por isso é que muitas vezes ouvimos dizer «de Guernica a Nagassaki».
Umas vezes fria, outras quente, chegaram os tempos de Coreia, e logo Vietname... e a lista atravessa a segunda metade do século XX e continua no século XXI: os Balcãs, Chechénia, Afeganistão, Iraque, Irão, Somália, Etiópia, Sudão, Gaza, Angola, Líbano, Israel, etc.
A conhecida por «terceira guerra mundial» ( ou guerras de baixa intensidade) continuaram até os nossos dias. Brutais acontecimentos que marcaram com a sua violência quase todo o planeta durante o século XX e já vão deixando a sua mancha de sangue na primeira década do Século XXI. Essas «demolições militares » de cidades abertas transformaram-se em lugar comum dos noticiários.
As imagens de refugiados desprotegidos andando pelos campos com a sua carga de restos palpitantes sobre as costas, com os seus braços em chagas e os seus peitos famélicos, muitas vezes metralhados nas suas deslocações, são imagens terriveis às que se uniram agora as dos criminais atentados terroristas. Estas imagens, a força da sua repetição, se fizeram lugar comum nos meios de difusão até o ponto de anestesiar a nossa capacidade de repulsa. Muitos políticos e estadistas, utilizaram a frase « a morte de um homem é uma tragédia, a morte de um milhão de homens é apenas uma estatística).
Já Chaplin (em "Moinsieur Verdoux") e depois dele muitos políticos e estadistas, utilizaram a frase "a morte de um homem é uma tragédia, a morte de um milhão é apenas uma estatística".
Fizemos «Guernica», de Arrabal para contar a história dos humildes e esquecidos, a historia de dois velhos atrapados na armadilha de uma guerra que os ultrapassa e resgatar a memória das suas vidas do anonimato das estatísticas e da anestesia da repetição dos noticiários. Quisemos contar esta historia para lembrar-nos que, como dizia George Bûchner em Leoncio e Lena: «até o mais pequeno dos homens é tão grande que a vida resulta demasiado curta para pode-lo amar.» Para lembrar-nos que cada um desses pequenos números nas estatísticas é um coração palpitante que amanhã pôde ser o nosso ou o dos nossos filhos."

Fernando Arrabal nasceu em Melilla em Agosto de 1932. Vive exilado em França desde 1955.
Aprendeu a ler e a escrever em Ciudad Rodrigo (Salamanca), sendo-lhe atribuído o prémio nacional de sobredotado aos dez anos. Realizou os seus estudos universitários em Madrid e apesar de ser um dos escritores mais controvertidos de seu tempo, tem recebido o aplauso internacional pela sua obra narrativa.
"O conhecimento que carrega Arrabal está preso a uma luz moral que está na própria matéria de sua arte" (Vicente Aleixandre)
"Fernando Arrabal possui o incálculável tesouro de ter voz própria" (Camilo José Cela)
"O universo de Arrabal é um mundo fantástico e louco que transforma este mundo em relato de uma forma que nada se parece... assim consta uma vez mais: Arrabal não se assemelha a nada e... alcança o limite do concebível. Só se assemelha a si mesmo..." (Milan kundera)
ELENCO:
ACTORES:
Fanchu: José Gil
ACTORES:
Fanchu: José Gil
Lyra: Paula Freitas
Escritor e Militar: Luis Gamito
Jornalista: Alexandra Marques
Homem da Resistência: Pedro Freitas
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Tradução: José Gil
Música e Banda Sonora: Carlos Gutkin Prast
Produção: João Figuereido Dias
Assistente de Encenação: Maria J. Albuquerque
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Realização técnica :Claudio Morais, Marcio
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Cenografia, Adaptação,Dramaturgia e Encenação: Adolfo Gutkin
A grande curiosidade desta peça é o facto de ser interpretada por profissionais de áreas muito diferentes do teatro.
O ex-director-geral da REFER, uma jornalista do Jornal de Notícias, um empregado da área financeira de uma multinacional e o psiquiatra Luís Gamito são alguns dos actores.
A grande curiosidade desta peça é o facto de ser interpretada por profissionais de áreas muito diferentes do teatro.
O ex-director-geral da REFER, uma jornalista do Jornal de Notícias, um empregado da área financeira de uma multinacional e o psiquiatra Luís Gamito são alguns dos actores.
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