A peça "Imaculados" que me prendeu do primeiro ao último segundo:
(Diante do horizonte do mar)
Não é agradável morrer quando não se deixa nada para trás na vida.
Quando fica algo para trás na vida…
O céu. O mar feito de água. O azul infinito. O mar de areia move-se de maneira lenta e constante. Conseguimos andar ao ritmo dele.
Talvez ela estivesse rasgada por dentro.
Porque é que se procura a morte por uma fraqueza?
O que é que sabe da morte?
Da morte eu não sei muita coisa. Há muito tempo que sou um túmulo vazio. Não há ninguém que transforme o meu nome num nome carinhoso e isto é tudo o que eu sei da morte.
Os livros. O recolhimento. As palavras encarceradas. Amo-te sem te dizer nada. Torna-se simplesmente parte de mim. Um pequeno silêncio infinito. Limito-me a fechar os olhos.
Aguenta-te.
Eu aguento-me.
Há que aguentar.
O resto é só uma questão de tempo. Eu também tinha os meus sonhos. Estive anos a sonhar os meus sonhos.
Agora sonho entre um cigarro e outro.
A vida arrefece muito devagar e o que fica é um núcleo incandescente.
Tu és capaz de olhar através de mim, como se atrás de mim estivesse outra pessoa.
Estes assuntos do dia-a-dia passam, dissolvem-se na historia das grandes transformações que ainda estão para vir.
Já não acredito no nós, no colectivo.
Os erros, os acasos, as coisas imponderáveis impressionam-me. A total ausência de perguntas. O espírito da descoberta.
Tudo manchas brancas no mapa do teu mundo.
I’m watching you…
Medo das noites em branco na consciência.
Eu sou um bocadinho como os outros. Mas também sou um bocadinho diferente.
Saltar ou não.
Salta!
Não para o tempo todo.
A eternidade não é um tempo.
Se não é no momento, não existe. Não é tudo no agora.
Memória. Tudo o que dói do antigamente tem de acabar.
Sempre. Agora.
Não sabes como é…
Se há memória podes-te lembrar da tua vida do antigamente.
O que vem a seguir não sabemos ao certo. O risco é mais a favor.
O choque vem mais tarde e fica para sempre.
É uma questão de experiência de vida.
Quem eu sou? E como eu sou?
Eu digo-vos aquilo em que acredito.
Quando nos acontece uma coisa maravilhosa, somos nós.
O que resta de nós… são as nossas acções boas ou más, aquilo que dissemos, que pensámos.
Estabeleçam um contacto um com o outro: está mais ou menos a dois braços de distância!
Já não conheço a mão dele na minha cara.
Faltava-me a compaixão. A compaixão não vinha…
Onde está a diferença? … mil visões particulares de tudo o que existe.
O nexo causal dos factos só surge depois. Se lançássemos os dados seria a mesma coisa.
Tu não tens as coisas na mão: o mundo não é fiável!
Não é importante.
Logo se vê.
Não te reconheço.
O que é que aconteceu? Espero por ti.
Eu não podia ir ter contigo. Fiquei baralhado. É tudo tão confuso.
Senti isso na pele. Estar uma noite à espera e perder a esperança faz envelhecer.
Vamos fingir que nos entendemos.
O amor não conhece as pessoas.
Pela primeira vez na minha vida quero habituar-me a uma coisa.
Porque eles pensam que vives num mundo perfeito.
O que eu mais desejo no mundo.
Eu vou ver por ti. Eu dou-te tudo aquilo que sou. Então somos iguais. E mesmo assim diferentes e é a essa diferença que podemos chamar amor.
Acreditas em Deus?
Eu não o conhecia.
À primeira vista não foi o meu género.
A vida tem sentido para ti? Então para quê tudo isso? Então para quê isso tudo?
Isto é o desafio da vida. A não fiabilidade no mundo.
Amor. Morte. Sentido. Eu já não sei dizer.
Deixe a dor que não conhece em paz. Viva a sua própria vida. O que é que isto quer dizer?
Podia ser tão simples a vida… A vida podia ser tão simples…
Tive medo.
Ás vezes digo para mim própria: Quem sabe que sentido aquilo teve?
De certeza que não é daqui. De onde é que vem?
Há sempre qualquer coisa a fazer.
Todos nós gostaríamos de ser imaculados. Olha à tua volta. E todos.
Eu queria que as imagens acabassem.
Quando o dia nasce lá fora tem que se olhar para cima e esticar o pescoço. Acredito nas pessoas.
Reconhecer.
Ninguém possui o acontecimento da nossa evolução futura. Não podemos saber em que sentido é que a determinamos. Estamos cegos em relação a nos próprios.
A dor do ar de quem perdeu o fulgor. A dor do torpor.
A dor é tudo isto.
Ando como se estivesse num barco. Qualquer coisa que podia ter uma cor não tem contornos.
Como é que nós nos realizamos?
Se cada um pudesse formular um desejo, o que é que queria?
1 Comments:
PAZ
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