A partir de uma conversa com a escritora Lídia Jorge
«Sobre os homens sei tão pouco (...). A cada dia que passa, o meu saber é desmoronado por novos exemplos. É uma realidade em mutação e, possivelmente, sempre foi. Os homens e as mulheres entendem-se melhor se perceberem que têm uma raiz muito forte em comum e aquilo que os distingue é um acidente generoso. (...)
No homem o que me atrai é a inteligência e a coragem.
Concordo, com o Bill Clinton, que o erótico é um espaço de mistério não analisável. Não se pode fazer a anatomia do impulso erótico e do porquê da atracção. Para mim, uma das componentes é perceber que um homem tem uma raiz na sociedade em que vive e sabe falar dela, e teve ou tem um papel de transformação, e tem uma proposta de eternidade. A ilusão de um prolongamento a que chamamos eternidade é, para mim, um elemento erótico. A parte física da aparência do macho é-me secundária. O que me leva para os braços, esse que me traz o recado, é aquele que tem algo que apaga a aparência.
Fazer amor com uma pessoa é fazer amor com o mundo. A escrita também é isso, é fazer amor física e psicologicamente, com o mundo. Uma entrega e uma troca.
Por Ana Sousa Dias
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